Deus te Tira da Zona de Conforto: O que Aprendi Após 5 Cesáreas
Se você já se perguntou como é viver um dia corrido no internato de medicina, prepare-se para uma história que envolve adrenalina, oração, dor nas pernas e, claro, umas boas gargalhadas no final. Quando entrei na faculdade de Medicina, eu tinha plena convicção de que me tornaria gastrocirurgião. E sabe aquele tipo de certeza inabalável? Pois é, era praticamente uma rocha na minha cabeça. No entanto, com o passar do tempo, descobri que ser cirurgião não é apenas “cortar e costurar” — envolve um estilo de vida que inclui muito tempo em pé, poucas horas de sono, quase nenhuma vida social e uma correria sem fim. Hoje, olho para trás e me pergunto: “Onde eu estava com a cabeça?”.
Nesse Artigo, vou contar como foi meu sábado, como Deus me retirou da Zona de Conforto em meio à correria de cinco cesáreas no plantão, além de como a decisão de me especializar em dermatologia está fazendo cada vez mais sentido em minha vida. Se você está curioso ou até mesmo passando por algo parecido, seja bem-vindo(a)! Este artigo é para você que quer entender um pouquinho mais da rotina de um interno de medicina, com a dose certa de descontração e, claro, muita humanidade.
Sumário
A Convicção Inabalável: Querendo Ser Gastrocirurgião

Durante os primeiros anos da faculdade, acreditei firmemente que a gastrocirurgia era meu destino. Eu me imaginava arrasando nas cirurgias, com bisturi na mão, confiante e cheio de energia. Na minha cabeça eu me recusava a sair da Zona de Conforto e pensar em outras possibilidades, pois estava convicto de que não havia outra opção — era gastrocirurgia ou nada.
Porém, ao passar por cirurgia no internato, a realidade se apresentou de um jeito que eu não esperava:
- Vida social? Não existe!
- Vida mental? Menos ainda!
- Vida fitness? Só se você já nasce com esse dom.
- Intimidade com Deus? Bom, só se for na sala de cirurgia, enquanto você segura um pedaço de intestino, porque fora dali… tempo zero!
Pode parecer exagero, mas a rotina de um futuro cirurgião é realmente extenuante. Eu admirava (e ainda admiro) pessoas que ficam mais de cinco horas em pé na sala de cirurgia, sem pestanejar. Só que Deus me mostrou que esse “dom” de ficar muito tempo de pé em plena concentração não era para mim. Enquanto muita gente fica empolgadíssima lá dentro, eu começava a me perguntar, com sinceridade: “Será que eu aguento mesmo essa vida?”.
O Chamado Divino (ou uma Reviravolta do Destino)

Engraçado que, embora eu tenha orado muito para me tornar gastrocirurgião, sempre terminava as minhas orações com um pedido: “Mas que o Senhor faça o que for melhor para mim”. E, olha, Ele levou isso a sério! Me tirou da Zona de Conforto e colocou diante de mim uma nova possibilidade: dermatologia. No início, confesso que fiquei me perguntando: “Como é que Deus vai entrar nessa história?”, “O que um servo de Deus pode fazer em dermatologia pelo nome do Senhor?”. As respostas não vieram de imediato, mas as sensações de alívio vieram instantâneamente.
Para ser sincero, estou esperando sinais mais claros de qual será o grande feito divino em minha trajetória. Talvez Deus só queira me poupar de colocar a vida dos outros em risco durante cirurgias mais complexas, quem sabe? O fato é que, agora, sinto-me bem tranquilo e feliz ao pensar numa vida como dermatologista. Acredito que podemos servir a Deus de diversas formas e, se a especialidade nos permite ter um pouco mais de equilíbrio, é uma bênção, não é mesmo?
Mas a Vida não é Tão Simples: Plantão com Cinco Cesáreas
Pois é, você acha que Deus te livra completamente, mas Ele também gosta de deixar alguns lembretes de que você ainda tem muito o que aprender e que você nunca deve ficar estacionado em uma “NOVA” Zona de Conforto. E foi exatamente isso que aconteceu nesse sábado. Eu estava todo feliz, radiante, me sentindo livre da “prisão” das cirurgias longas, quando, de repente, tive a notícia: “Temos cinco cesáreas e precisamos dos internos de plantão!”. Olha, se eu pudesse, teria virado uma estátua. Mas não, só tinha eu e minha amiga de plantão, não tinha como escapar. E o que eu fiz? Olhei para o alto e disse: “Misericórdia, Senhor!”.
A Primeira Cesárea

Sai da minha Zona de Conforto e fui para a primeira cesárea com o coração na mão, orando:
- “Deus faz por mim”,
- “Deus opera aqui”,
- “Deus não deixa ninguém morrer”,
- “Deus que eles tenham paciência comigo”.
Sim, eu estava com medo e ancioso. Mas, ao mesmo tempo, foi uma das cirurgias mais lindas que já presenciei. Quando o cirurgião tirou o menininho, meu coração se derreteu. Pensei: “Meu Deus, faz nove meses que esse pequeno está longe fisicamente do Senhor”. Não bastasse essa dose de emoção, o cirurgião me coloca o bebê no meu colo para eu levar até a mesa ao lado, onde as pediatras já o aguardavam. Naquele momento, esqueci que eu não era muito fã de criancinhas e que estava fora da minha Zona de Conforto. Me derreti todo. E, se algo mais estava se derretendo, eram meus joelhos! Ficar tanto tempo em pé me arrebenta.
No fim da cirurgia, o cirurgião foi super gente boa. Ele até me ensinou a dar um ponto para fechar a barriga da mãe. Infelizmente, acabei perdendo o ponto quando o próprio cirurgião bateu sem querer na minha mão (sim, ele tinha pressa) e tudo se desfez. Mas fiquei tranquilo, pois estava indo bem. Lembrei que quero dermatologia, que gosto de dar pontos bonitinhos, com calma, perfeição e paciência — algo que, convenhamos, muitas salas de cirurgia não proporcionam.
A Segunda Cesárea (Assistida Confortavelmente)
Assim que finalizamos a primeira, vem a segunda cesárea. E Deus, vendo o meu esforço, deve ter pensado lá de cima: “Ótimo, dessa vez ele não fugiu, tome um banquinho”. Conclusão? Fiquei sentado vendo a cirurgia. Não precisei entrar ativamente, pois minha amiga assumiu essa. Acompanhei tudo ao vivo, sentado, na minha Zona de Conforto, como se estivesse na primeira fila de um show. Foi maravilhoso. Lá estava eu, descansado, recuperando as energias — e ainda vendo mais um vir ao mundo para lutar contra os pecados dessa existencia. Que Deus o ajude!
A Terceira Cesárea e a Fadiga Aparecendo
Mas não acabou por aí. Terminada a segunda, o cirurgião já partiu para a terceira, me requisitando novamente e infelizmente me retirando da minha linda Zona de Conforto. Dessa vez, já estava desgastado. Sabe quando as pernas e a mente não querem mais cooperar? Era eu. E, para ajudar, o menininho tinha a cabeça meio grande, dificultando a saída pela incisão. Foi aquela bagunça, todo mundo nervoso, e eu com a cabeça na lua, só pensando em comida e na minha cama. Como ser humano, nosso corpo tem limites, né? Eu já estava no meu.
Quando acabou a terceira, supliquei a Deus: “Senhor, pelo amor de Deus, eu não aguento mais, as próximas eu vou implorar para minha amiga entrar. Eu já fiz o bastante hoje, tenha misericórdia de mim, permita que isso aconteça e de forças a ela!”. E foi atendido! As cesarianas seguintes, depois do almoço, ficaram na conta da minha amiga e eu consegui dar uma respirada boa e fiquei bem quietinho na minha Zona de Conforto novamente. Ufa!
O Recado de Deus: “Aprenda o Mínimo de Cirurgia”

Nessa altura do campeonato, eu consegui compreender um recadinho nada sutil que Deus estava me mandando: “Você não vai ser cirurgião, mas saia da sua Zona de Conforto porque o mínimo eu te ordeno a aprender”. Esse “mínimo” ficou evidente hoje. Ainda que eu tenha um histótico de conseguir fugir do destino de cirurgias extensas, Ele mostrou que, volta e meia, me colocaria em situações fora da minha Zona de Conforto para o meu próprio bem. Acredito que tudo faça parte do nosso crescimento profissional e espiritual.
Talvez Ele queira me preparar para as pequenas cirurgias em dermatologia (biópsias, remoção de nevos, pequenas ressecções). E faz todo sentido! Gosto de um trabalho bem feito, calmo, tranquilo e no meu ritmo. E isso é um dos meus maiores embates em cirurgias, pois acabo dando de cara com a falta de paciência dos preceptores, que querem tudo rápido, corrido e, muitas vezes, com uma certa dose de “gritaria”. É bem o oposto do que eu sou. Mas faz parte, né? Adaptação é nome do meio de qualquer estudante, interno e residente em medicina.
Dermatologia: Um Respiro em Meio ao Caos

Não nego que a dermatologia é bem menos agitada que a gastrocirurgia em termos de emergências. Em vez de grandes incisões abdominais, passamos a lidar com procedimentos como:
- Pequenas cirurgias dermatológicas,
- Excisão de pintas e cistos,
- Limpezas de pele mais complexas,
- Tratamentos clínicos para diversas patologias (psoríase, acne, dermatite e por aí vai).
Além disso, a vida de um dermatologista pode ter um ritmo mais controlado, o que permite:
- Melhor Qualidade de Vida: Mais tempo para a família, amigos, academia (olha a vida fitness aí, finalmente!).
- Menos Estresse Cirúrgico: Geralmente, não passamos cinco ou seis horas de pé em cirurgias.
- Possibilidade de Evangelizar Diferente: Se for esse mesmo meu chamado, posso levar a palavra de Deus nos consultórios, em ações sociais ou através de conversas mais tranquilas com meus pacientes.
Claro que cada especialidade tem seus perrengues e suas belezas. O ponto é: identificar onde você se encaixa melhor. E hoje, posso dizer que, apesar de gostar um pouquinho de cirurgia, o rumo para a dermatologia já está decidido. Sem dúvidas!
Como Lidar com a Pressa e Falta de Paciência?
É inegável que, durante a formação, encontramos preceptores e cirurgiões que são verdadeiros “mestres Yoda” — calmos, pacientes e incríveis. Porém, também encontramos aqueles que parecem ter tomado café com pólvora. E esse tipo de personalidade fica ainda mais evidente na correria das cirurgias.
- Pressa: A sala de cirurgia não pode parar, há outros pacientes esperando, então tudo é para ontem.
- Correria: O hospital é um ambiente dinâmico, emergências surgem, e temos de ser ágeis.
- Gritaria: Alguns profissionais (infelizmente) adotam essa forma de liderança baseada no grito.
- Falta de Educação: Em alguns casos extremos, o respeito entre membros da equipe é substituído por acusações e humilhações.
Para mim, que sou calmo e perfeccionista, esse cenário é um desafio enorme e completamente fora da minha Zona de Conforto. Fico tentando fazer tudo com máximo cuidado, mas, ao mesmo tempo, percebo que não tenho o tempo que gostaria para realizar cada passo. Nessas horas, respiro fundo e mentalizo: “Deus, me ajuda a manter a tranquilidade. Eu quero capricho, mas não posso atrasar o fluxo”.
O Futuro e a Cama Esperando

É, meu dia foi extremamente cansativo, porém recompensador. Entendi que a cirurgia já não faz mais parte dos meus planos de carreira, mas ainda assim, preciso sair da minha Zona de Conforto e dominar algumas habilidades para não passar sufoco. E Deus deixou muito claro hoje que não vai me deixar escapar sem aprender o básico. Só posso aceitar esse recado divino e seguir firme, pois sei que tudo faz parte do processo de amadurecimento profissional e pessoal.
E se você, que me lê agora, está em dúvida sobre qual especialidade seguir, saiba que existe tempo e espaço para questionar, mudar de ideia e até mesmo recomeçar. Nem sempre aquilo que colocamos na cabeça lá atrás se sustenta na prática, e tá tudo bem. O importante é encontrar uma especialidade que faça sentido para a sua vida, para o seu equilíbrio mental e para o seu propósito. Mas lembre-se: Sempre será necessário sair da sua Zona de Conforto. Para o crescimento, isso é fundamental!
Agora, o que eu mais quero é a minha cama. Ela está me esperando e, sinceramente, não vejo a hora de pular nela e dormir como um bebê — ou melhor, como os bebês que vi nascer hoje. Tenho plena certeza de que, no momento em que eu fechar os olhos, vou sonhar com bisturis, pontes cirúrgicas, cesáreas e rostinhos de recém-nascidos. Mas também vou sentir uma paz imensa, sabendo que estou no caminho certo, que Deus me ampara, e que a dermatologia é o lugar que me dará mais equilíbrio.
Enfim, este foi o meu dia corrido no internato de medicina. Espero que você tenha se divertido ou pelo menos conseguido enxergar a realidade sem retoques que envolve a formação médica. Amanhã tem mais (talvez não cinco cesáreas, mas quem sabe?). O importante é continuar seguindo, com calma e em oração, para que tudo se encaixe no tempo certo.
Boa noite, ou bom dia, se você estiver lendo isso ao acordar. De qualquer forma, deixo aqui meu desejo sincero de que você encontre o seu caminho, na medicina ou fora dela, e que nunca falte força para continuar. Deus abençoe!
Se você gostou desse post sobre Zona de Conforto, quero te convidar a explorar por mais conteúdos como esse em meu Blog CG e também a conhecer meu Blog Vida com Jesus. Lá eu compartilho tudo que aprendi (e continuo aprendendo) sobre a Bíblia e a caminhada com nosso Senhor Jesus. Espero te encontrar por lá!
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[…] nos meus outros afazeres”. Confesso que tentei não negociar muito devido ao meu aprendizado de sábado, mas não vou dizer que não rolou. Afinal, somos […]